O presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu nesta segunda-feira a cidadania russa ao ex-funcionário de inteligência dos Estados Unidos Edward Snowden, nove anos depois que ele expôs a escala das operações de vigilância secreta da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA.
Snowden, de 39 anos, fugiu dos Estados Unidos e recebeu asilo na Rússia depois de vazar arquivos secretos em 2013 que revelavam vastas operações de vigilância doméstica e internacional realizadas pela NSA, onde trabalhava.
Há anos as autoridades norte-americanas exigem que ele retorne aos Estados Unidos para enfrentar um julgamento criminal por acusações de espionagem.
O nome de Snowden apareceu sem qualquer comentário do Kremlin em uma lista de 72 indivíduos nascidos no exterior a quem Putin estava conferindo cidadania.
Snowden publicou posteriormente uma mensagem, fazendo uma versão atualiada de um tuíte de novembro de 2020, dizendo que queria que sua família continuasse unida e pedindo privacidade.
O novo tuíte não fez referência ao decreto do líder do Kremlin, mas foi anexado a um tópico do Twitter de 2020 no qual Snowden disse que ele e sua família estavam solicitando dupla cidadania entre EUA e Rússia.
A notícia levou alguns russos a perguntar em tom de brincadeira se Snowden seria convocado para o serviço militar, cinco dias depois de Putin anunciar a primeira mobilização pública da Rússia desde a Segunda Guerra Mundial para reforçar sua vacilante invasão da Ucrânia.
O advogado de Snowden, Anatoly Kucherena, disse à agência de notícias RIA que seu cliente não poderia ser chamado porque não havia servido anteriormente no exército russo.
Ele disse que a esposa de Snowden, Lindsay Mills, que deu à luz um filho em 2020, também solicitaria a cidadania.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse que não sabia de qualquer mudança no status de Snowden como cidadão dos EUA.
Em 2020, a Rússia concedeu a Snowden direitos de residência permanente, abrindo caminho para que ele obtivesse a cidadania russa.
Naquele ano, um tribunal de apelações dos EUA considerou que o programa que Snowden havia exposto era ilegal e que os líderes da inteligência norte-americana que o defenderam publicamente não estavam dizendo a verdade.
Putin, um ex-chefe de espionagem russo, disse em 2017 que Snowden, que se mantém discreto enquanto mora na Rússia, estava errado ao vazar segredos dos EUA, mas não era um traidor.